2 de jan. de 2011

Sistema excretor (Parte II)

Parte II - Funções do Sistema Excretor

Formação da urina

Entende-se a urina como um subproduto das atividades reguladoras corporais, é o produto final de um processo fisiológico complicado e equilibrado, podendo ter sua constituição alterada por mecanismos normais e/ou patológicos. Sua formação pelos nefrons resulta de três processos básicos: filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. Estes processos geralmente se interagem, havendo substâncias que são processadas por um meio, ou por situações conjugadas que terminam por removê-las do plasma ou reabsorvê-la ao organismo. O processo de remoção é chamado de clareamento.

Filtração glomerular
É a fase inicial de formação da urina e consiste na produção de grande quantidade de ultrafiltrado do plasma que tem pequena quantidade de proteína e é acelular. As células endoteliais dos capilares glomerulares contêm vários poros que funcionam como uma peneira permitindo a filtração de moléculas de até 68.000 daltons. Esta filtração depende de fatores como tamanho, tipo e carga da molécula, seu alinhamento em relação aos poros e também seu aumento devido a associação com outras moléculas, além da configuração da parede dos capilares glomerulares. A pressão hidrostática arterial é a maior força favorecendo a filtração glomerular, isto é, a energia requerida para a filtração glomerular é derivada da pressão sangüínea gerada pela contração do ventrículo esquerdo e a elasticidade das paredes vasculares. A velocidade que os rins formam o filtrado glomerular é chamada de taxa de filtração glomerular (TFG). A qualidade e quantidade do filtrado glomerular é influenciado por vários fatores tais como: a pressão sangüínea, o volume de sangue nos capilares glomerulares, a pressão oncótica nos mesmos, o número e permeabilidade destes capilares, a pressão intersticial e a pressão intra tubular. Apesar de a filtração glomerular ter a função de reter substâncias vitais como células e proteínas e eliminar catabólitos, às vezes torna-se difícil essa diferenciação pela semelhança de tamanho e cargas, podendo algumas substâncias vitais ser eliminadas.

Fatores que influenciam a permeabilidade dos capilares glomerulares às moléculas protéicas:
1. Tamanho da molécula;
2. Fricção da molécula entre os poros;
3. Atração às moléculas de carga positiva e repulsão às moléculas de carga negativa;
4. Diferença de alinhamento da molécula com os poros;
5. Aumento do tamanho da molécula com a associação entre elas;

Reabsorção e secreção tubular
É o mecanismo que permite selecionar substâncias que são aproveitáveis ou não pelo corpo. Por exemplo, a creatinina e a alantoina não são utilizadas por isso não são reabsorvidas, já as vitaminas, os aminoácidos, a glicose são necessárias por isso são reabsorvidas. Algumas substâncias possuem capacidade limitada de reabsorção como a glicose; quando este limiar é ultrapassado é detectada na urina.
1. TCP: Reabsorção ativa de glicose, proteínas, aminoácidos, vitaminas, ácido hidróxido butírico, ácido úrico, sódio, potássio, cálcio (paratormônio "aumenta"), fosfato (paratormônio "diminui"), bicarbonato (80-85% do bicarbonato é reabsorvido no TCP, e o restante na alça de Henle e TCD). Reabsorção passiva de cloretos, água e uréia e secreção de H+ que troca com o sódio.
2. AH parte descendente- Reabsorção passiva de água e secreção de sódio e uréia.
3. AH parte ascendente (fina) Reabsorção passiva de sódio e uréia.
4. AH ascendente (espessa) Reabsorção ativa de cloro, cálcio e passiva de sódio e potássio.
5. TCD Reabsorção ativa de sódio (aldosterona), cálcio e bicarbonato, pequenas quantidades de glicose. Reabsorção passiva de cloro e água (ADH). Secreção ativa de H+, amônia e ácido úrico. Secreção passiva de potássio.
6. TC: Reabsorção ativa de sódio (aldosterona). Reabsorção passiva de cloro, água (ADH). Secreção ativa de H+ e secreção passiva de potássio.

Concentração e diluição da urina
Os rins têm a função vital na regulação da excreção de água pelo organismo podendo conservar água por concentração da urina, quando o organismo necessitar ou eliminar (diluir) a urina quando houver excesso de água.

Concentração
Sabe-se que cerca de 60 litros de filtrado glomerular é formado por dia em um cão de 10 kg, mas somente 0,5 litro é normalmente eliminado pela urina. Cerca de 75% é reabsorvida passivamente no TCP seguindo reabsorção ativa de Na, Cl, glicose, Ca, PO4 e outros. Após a reabsorção de eletrólitos pela parte ascendente da AH o fluido que chega ao TCD em cães é hipo osmótico (1005) e iso osmótico nos gatos(1008). A ação de concentração de urina tem ação do hormônio antidiurético (ADH) produzido no hipotálamo e estocado na hipófise. Este hormônio influencia a permeabilidade dos túbulos distais e coletores a água. Após a concentração e diluição respectivamente pela parte descendente e ascendente da AH, o fluido glomerular chega aos TCD. Ocorre dai a ação do ADH, que aumenta a permeabilidade do TCD e TC à água, concentrando o fluido que terá mais soluto que água em comparação com o filtrado glomerular, elevando os valores da densidade urinária.

Diluição
Na ausência de ADH, pouca água será removida do lúmen tubular distal e coletor. Como o transporte ativo de soluto (sódio) não será afetado mais soluto será removido do lúmen tubular que água, tornando a urina mais diluída em relação ao filtrado glomerular. Nesses casos, a densidade urinária estará menor que do filtrado glomerular (<1008) ou a densidade plasmática o que se chama hipotenúria. Também no processo de diluição e concentração da urina é importante citar o Mecanismo Contra Corrente (MCC). A função do MCC é gerar e manter alta concentração de soluto no interstício medular (primariamente sódio, cloreto e uréia) no sentido de atrair água de uma região de baixa concentração de soluto (túbulos distais e coletores). Nestes casos, quaisquer doenças que impeçam ou dificultem esta concentração pode gerar poliúria. Como exemplo, temos os casos de insuficiência hepática na qual se observa baixa produção de uréia; perda de NaCl e perda de sódio em casos de hipoadrenocorticismo ou doenças glomerulares que podem também interferir com essa concentração medular.
Rim, órgão endócrino. Nos cães o rim é o único órgão produtor de eritropoetina, hormônio que regula a produção e liberação de eritrócitos pela medula óssea, sendo que nos outros animais o fígado também tem essa função. É responsável pelo metabolismo da vitamina D (25-hidroxicolecalciferol) hepática para sua forma ativa (1-25-dihidroxicolecalferol) que é responsável pela absorção de cálcio intestinal e mobilização de cálcio e fósforo dos ossos.

Degradação hormonal
O rim possui a função de degradação e excreção de vários hormônios como o paratormônio, o hormônio do crescimento, a secretina, a colecistoquinina, o glucagon, a gastrina, a prolactina, a insulina, a tireotrofina e o ADH. Esta função torna-se importante pois em casos de insuficiência renal a retenção hormonal pode ocasionar ou exacerbar crise urêmica. As funções do néfron são modificadas por vários hormônios e agentes bioativos como a renina, a angiotensina, as catecolaminas, o ADH, a aldosterona, o paratormônio, o glucagon, o hormônio do crescimento, a calcitonina, a vitamina D e a tiroxina.
Aparelho justa glomerular
Consiste das arteríolas aferentes e eferentes, mácula densa, os túbulos distais, as células granulares. Tem apel importante na hemodinâmica renal. Quando se reduz a perfusão renal, diminui a pressão nas arteríolas aferentes ocorrendo ativação do sistema renina-angiotensina com liberação de renina, enzima proteolítica presente nas arteríolas aferentes e em menor quantidade das arteríolas eferentes, dando origem a todo o esquema anterior.

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