20 de mar. de 2011

EAS - Elementos Anormais de Sedimentoscopia

                           


EXAME MICROSCÓPICO DA URINA


O exame microscópico do sedimento da urina é de grandiosa valia, pois fornece informações muito úteis no diagnóstico e tratamento do paciente. O exame poderá avaliar a presença ou evolução de infecções, doenças e traumas do trato urinário, além disso, certos resultados como a presença de cristais anormais, podem sugerir uma desordem metabólica. Todas as amostras de urina devem ser analisadas o mais breve possível para evitar a deterioração celular e multiplicação de bactérias ou outro microorganismo.


COMPONENTES DO SEDIMENTO URINÁRIO

• CÉLULAS SANGUÍNEAS:
Hemácias e leucócitos. A presença de grande quantidade de hemácias na urina é chamada de hematúria. A presença de raras hemácias é considerado normal. A presença de grande quantidade de leucócitos na urina é chamada de piúria. Até 8 piócitos por campo é considerado normal. A presença de hemácias em grande quantidade na urina pode acontecer em infecções do trato urinário, traumatismos, hemorragias de diversas origens, alguns tipos de câncer, estados inflamatórios e doenças renais. A presença de grande quantidade de leucócitos na urina pode acontecer em infecções do trato urinário, inflamações de diversas origens, doenças renais, alguns tipos de câncer, alguns tipos de DST e outras.

• CÉLULAS EPITELIAIS:
As células epiteliais são constantemente descamadas do revestimento interno do trato urinário. As células do epitélio vaginal e uretral aparecem grandes, planas, com núcleo distinto e grande citoplasma. Células menos comuns no sedimento urinário são as da bexiga e túbulo renal. As do túbulo renal podem ser indicadoras de doença renal.

• MICROORGANISMOS:
Os microorganismos que podem ser encontrados no sedimento urinário são principalmente: bactérias, leveduras e protozoários.
    • Bactérias - podem aparecer todos os constituintes da morfologia bacteriana.
    • Leveduras - São de tamanho menor que as hemácias, porém são muito similares a estas. As leveduras são ovóides e podem ser observadas em brotação ou cadeia (hifas). A mais comumente encontrada no sedimento urinário é a Candida albicans.
    • Protozoários - Os protozoários do tipo Trichomonas são os mais comumente encontrados no sedimento urinário. È um protozoário flagelado transmitido sexualmente que provoca infecção do trato urinário e pode levar à infecção de vias superiores quando não tratada. Existem 2 tipos principais de Trichomonas vaginalis e Trichomonas hominis. Porém devido à extrema semelhança entre estes dois tipos, não é possível distingui-las ao microscópio, por isto utilizamos o termo "presença de Trichomonas sp".
    • Espermatozóides - São ocasionalmente observados em amostras de urina. São facilmente reconhecidos devido à sua morfologia característica. Devem ser mencionados somente em urinas masculinas, caso contrário, não mencionar a presença.

• CILINDROS:
São formados quando a proteína se acumula e precipita nos túbulos renais e são levados pela urina. A presença de cilindros na urina pode indicar doença renal. Os cilindros são classificados conforme o material incluso neles.

• CRISTAIS:
Uma grande variedade de cristais pode ser encontrada na urina. A formação de cristais é influenciada pelo pH , densidade e temperatura da urina. Ainda que a maioria dos cristais não tenha significado clínico, existem alguns cristais que aparecem na urina por causa de alguma desordem metabólica.
*CRISTAIS DE URINA ÁCIDA (NORMAL) - Uratos amorfos, ácido úrico, oxalato de cálcio.
*CRISTAIS DE URINA ALCALINA (NORMAL) - fosfatos amorfos, fosfato triplo, carbonato de cálcio.
*CRISTAIS DE URINA ANORMAL - Cistina, leucina, tirosina, colesterol e sulfonamidas.

• CONTAMINANTES OU ARTEFATOS:
Estes são elementos não originados do trato urinário que podem contaminar a urina, no momento da passagem da mesma pela uretra e pela vagina, ao ser expelido. A contaminação por elementos presentes no ambiente pode ocorrer durante a coleta, armazenamento e processamento da amostra. A identificação dos contaminantes é necessária para uma correta interpretação do resultado do exame e, também, para auxiliar no diagnóstico de doenças ou infestações.
Os principais contaminantes ou artefatos que podem ser observados no sedimento urinário são:
   Ø Espermatozóides: Estas células podem estar presentes tanto em amostras de urina de homens, quanto de mulheres. A presença de espermatozóides em amostras de urina de mulheres não deve ser relatada, por questões éticas, a não ser quando há solicitação explícita de comprovação de abuso sexual. Em amostras de urina de homens a presença de espermatozóides pode indicar espermatorréia, uma das causas de infertilidade masculina; nesses casos deve-se relatar a presença de espermatozóides. Esses são facilmente reconhecidos pela cabeça oval, com tamanho de 4 a 6 micra, e pela cauda de 40 a 60 micra de comprimento.


 Ø  Leveduras: As células leveduriformes podem ser observadas no sedimento urinário devido à contaminação por secreção vaginal ou ainda por contaminação pela pele ou pelo ambiente. As leveduras estão presentes em secreções vaginais de indivíduos com infecção pelo fungo, freqüentemente em pacientes diabéticos e/ou imunossuprimidos. As principais leveduras observadas são Candida sp. Essas se apresentam como células ovóides, com tamanho de 5 a 7 micra, incolores e refringentes. Muitas vezes apresentam brotamentos, devido à germinação, e pseudohifas. Na transcrição do resultado a presença de leveduras deve ser relatada da seguinte forma: "Presença de células leveduriformes (pseudohifas) com aspecto morfológico de Candida sp".




 ØParasitos: O parasita que pode ser encontrado com maior freqüência no sedimento urinário é o Trichomonas vaginalis. Este protozoário é responsável por infecções vaginais e pode também infectar a uretra, a bexiga e a próstata. Nesses casos o protozoário poderá ser, também, observado em amostra de urina recente, sendo facilmente identificado pela motilidade. Por ser um protozoário flagelado e apresentar uma membrana ondulante, este se movimenta, girando no campo, sem direção. O parasita é ovóide, com a sua maior dimensão da ordem de 30 micra; apresenta um núcleo e alguns vacúolos citoplasmáticos, o que facilita a sua identificação, quando não está em movimento. O corante de Sternheimer-Malbin é utilizado para diferenciá-lo de leucócitos e/ou células epiteliais. Esses elementos se coram de roxo, enquanto o Trichomonas não se cora. Ovos ou larvas de parasitas também podem ser encontrados no sedimento urinário devido à contaminação fecal e por falta de assepsia adequada.




 Ø Diversos: No sedimento urinário podem ser encontrados também outros elementos contaminantes, tais como: grânulos de amido, fibras vegetais, bolhas de ar, gotículas de gordura, fragmentos de vidro, corantes, grãos de pólen, tecidos vegetais, pêlos, ácaros, asas de insetos, etc.



Imagens de cilindros, cristais e células encontrados na sedimentoscopia:
(Arquivo em pdf)

7 de mar. de 2011

Hemograma - Série Vermelha

 Eritrograma
Constitui o estudo da séria vermelha (hemácias), revelando alguns tipos essenciais de alterações patológicas do sistema eritropoético como eritrocitoses e anemias.

Hematócrito
Hematócrito é o volume de hemácias expresso como percentagem do volume de uma amostra de sangue total, ou seja, mililitros de hemácias por decilitro de sangue.

Determinação do Microhematócrito:
1. Encher com o sangue o tubo para microhematócrito, até dois terços do seu volume. Para tubos heparinizados o sangue capilar pode ser usado.
2. Selar o tubo, introduzido a extremidade vazia na massa própria, com movimentos de rotação, até aproximadamente 5mm de profundidade.
3. Encher os demais tubos de modo idêntico.
4. Coloca-os na microcentrifuga em posição diametralmente opostas com a parte selada voltada para fora. Observar a numeração evitando a troca de resultados.
5. Após tampar convenientemente a microcentrifuga, coloca-a em movimento por cinco minutos. Tempo superior a este não altera a sedimentação dos glóbulos.
6. Desligar o aparelho. Retirar os tubos e fazer a leitura usando a escala própria.

Leitura dos resultados:
1. Colocar o tubo sobre a escala, fazendo coincidir a extremidade inferior das células centrifugadas com a linha zero.
2. Deslocar o tubo paralelamente às linhas verticais fazendo coincidir o menisco superior do plasma com a linha 100.
3. Ler a percentagem do volume hematócrito na escala graduada ao nível da superfície das hemácias no tubo.

Índices hematimétricos
Índices hematológicos ou hematimétricos são determinados a partir da contagem global dos eritrócitos, taxa de hemoglobina e determinação do hematócrito. Tais elementos, deverão ser padronizados pelo laboratório, fornecendo-se sempre resultados na unidade de percentagem do normal.
*V.C.M – Volume corpuscular médio: é o volume médio das hemácias expresso em fentolitros. Representa, portanto, o quociente de um determinado volume de hemácias pelo número de células contidas no mesmo volume.


*H.C.M. – Hemoglobina corpuscular média: é o conteúdo médio de hemoglob ina nas hemácias expresso em picogramas. Representa, portanto, o quociente de conteúdo de hemoglobina em um determinado volume de hemácias pelo nº de células contidas no mesmo volume.


*C.H.C.M. – Concentração de hemoglobina corpuscular média: é a percentagem de hemoglobina em 100ml de hemácias.


ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA

Anemias
Anemia é a diminuição da taxa de hemoglobina abaixo de níveis mínimos, ou seja, se estiver abaixo de 95% do intervalo de referência para idade, sexo e localização geográfica (altitude) do indivíduo. As causas de anemias se encontram divididas entre três categorias fisiológicas principais: produção de eritrócitos eficientes, perda sanguínea ou destruição acelerada dos eritrócitos (hemólise) além da capacidade da medula de compensar estas perdas.

RDW / ( red blood cell distribution width = amplitude de distribuição dos eritrócitos)


É um subproduto da medida eletrônica do volume dos eritrócitos; ou seja, só pode ser detectado através da automação. O seu valor normal está entre 11 e 14 %. Valores encontrados abaixo do normal indicariam população eritróide mais homogênea que a usual, o que parece ser apenas um extremo da normalidade. Valores acima de 14 indicam excessiva heterogeneidade da população (anisocitose), sendo notada ao microscópio.
Segundo Failace,se houver anemia e/ou índices hematimétricos anormais, o profissional deverá:
1. Confirmar visualmente as alterações numéricas e julgar sua compatibilidade com o grupo etário do paciente.
2. Pesquisar os dados morfológicos das células do paciente.
3. Nada observando de esclarecedor, os resultados numéricos e a lâmina do paciente são separados para reexame; se a distensão não estiver perfeita, faz-se uma nova.

As principais alterações morfológicas a serem avaliadas são:

*Pecilocitose;
*Eliptócitos ou ovalócitos;
*Estomatócitos;
*Esferócitos;
*Drepanócitos ou eritrócitos falciformes;
*Dacriócitos;
*Esquizócitos;
*Células-alvo;
*Equinócitos;
*Anisocitose;
*Macrocitose;
*Microcitose;
*Hipocromia;
*Policromatocitose;
*Eritroblásto;
Obs.: Para saber mais sobre essas alterações morfológicas dos eritrócitos veja: http://bio-trabalho.blogspot.com/2010/10/anomalias-das-hemacias.html